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Posts Tagged ‘Moara Brasil’

Belém tá Grávida

Por Moara Brasil

Eu sei que ir ao cabelereiro é a melhor coisa para quem quer saber de fofocar, e quem não gosta?
Primeiro que nesses lugares é cheio de revistas Caras (as melhores fofocas).E olha daqui, olha namorado de artista global pra lá, e a gente agradece pelo novo corte do cabelo da Suzana Vieira (ALELUIA IRMÃO!), e conta as news para o nosso hair stylist, e recebemos os melhores conselhos que qualquer amigo “Vai menina, te liberta, sabe o que eu faço? Pergunto logo se o carinha tá querendo arrumar namoro”. Bem, eu nunca perguntei isso para nenhum dos tratantes, coragem, coragem…

Mas nessa de papo vai, papo vem, eis que eu ouço:
-Amiga, sabia que a Joana tá gravida?
-EEEEINN!
-É, ela vai voltar pra cá inclusive.
-AH…a Lu também ta grávida, acabei de saber.E daquele maldito!
-Nossa, meu Deus!CREDO!NOJA!Que azar!
-Ah, a Paty também.
-E ai? Quem foi o infeliz?
-Ih…parece que nem ela sabe…tá em duvida em 3.
-Ai.Sabias que eu vou ser titia? Poisé, minha irmã teve filho.
-Que fofo, vais ficar pra titia!
-Idiota.
-Ahhhhhhhhh, nem te conto…sabe aquela santa do pau oco?Tá grávida mana, gravidíssima.

Nossa! Dessa vez fiquei com medo. Não é possivel, numa noite apenas, ouvir que tanta gente estava grávida. Eu sei que tenho 25 anos, mas já está na hora de eu também ficar grávida? Não não, fora de cogitação. Foi então que, ao sair do cabelereiro, fui direto para aquele bar, e quem encontro? A Livia, aquela gostosa da época do colégio. Sabe aquelas mulheres boazudas que todo mundo quer comer?Isso mesmo. A gostosa estava com uns 10 kilos a mais da época que eu a conheci. A Livia realmente estava acabada:

-Menina, quanto tempo! Estás tão diferente! Nunca mais te vi!
-É, eu estava saindo pouco, agora que comecei a sair.
-Que coisa, saudade cara de vocês, casou mesmo?
-Casei cara, ano passado, eu só comecei a sair agora porque estava grávida.
-GRÁVIDA?
-É, minha filha tá com 5 meses.
-Ainnn…que lindo (com cara de espanto)

Olha, depois de saber de tanta gente grávida, em um dia, me deu medo. Começo a pensar que ficar em Belém é um perigo mana, aqui só resta ficar solteira forever ou ficar grávida….né? Use camisinha por favor!

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Todos os homens são da Paty

Por Moara Brasil
Histórias de João

A Patrícia chega assim “causando” em qualquer lugar…Tem a mania terrível de achar que quem olhar pra ela “tá afim”. Vive mostrando para os que ela julga seus “amigos”, mensagens dos machos dela, ou que fulano de tal ligou, e que o mauricinho “tá na área” dela. Ninguém se mete com a Patrícia! Aliás, ela só fala nisso. Não tem outro assunto. Não tem outro papo. Sabe aquelas meninas que a gente até tenta algo, mas cansamos rápido só de pensar? E pior que ela é tão bonitinha, rostinho legal, se veste até bem e é cheirosinha. E eu, João mané, sou o consolo dela.

Mas é difícil, eu confesso, só esse óculos Dolce Gabana não me encanta. Essa empolgação dela de dizer que gosta de Nirvana, realmente não me convence. E a coleção de calcinhas da Victoria Secret´s, nem são tão sexys assim nela. Sabe aquelas “menininhas” que tomaram danoninho na boca? Que nos quinze anos, além de um “puta” quinzola, também viajaram para a Disney? E isso não foi nenhum sacrifício do bolso dos pais dela…

Ela tem aquele carrinho da moda, e é a sua grande estratégia para levar qualquer garoto como eu para os momentos vazios da vida da Patricia. A pequena é filha de familia nobre da cidade. Os pais dela sempre estão nas colunas sociais dos jornais.

Ela sempre tem algum homem na sua rotina, tem todo mundo e não tem ninguém. É solteira, e assim permanece. Mas ela é a pior das solteiras: aquela que realmente não sabe o que é ser sozinha de verdade. Um dia desses, a Patricia veio me falar que a mãe dela estava preocupada por ela está tanto tempo sem arrumar namorado. E eu, João mané, querendo a loirinha, mesmo assim. Mas ela nem tchum pra mim.

Não demora muito, e lá vem ela. Com o perfume Chanel º5, que atrai a macharada. Tão linda, tão pequena e sorridente. Sorrir para todos numa elegância atrapalhada. Os homens até gostam, mas se afastam rápido. Muito rápido. Eu gosto dela, até curto essa fineza toda, eu realmente gosto dela. Mas quando ela vem falar que está triste, que o mundo não a entende. Dá vontade de sair dando soco na cara bonitinha da Patricia!

Ela é jogadora, e daquelas jogadoras para ganhar e depois pisar. Pisa Paty.!Pisa!
Eu falo que ela é jogadora, mas a baixinha não entende. Eu sou um mero integrante do jogo da vida dela. Ela acha que os homens são os grandes culpados da sua dor de cabeça crônica. Descobri que a Paty tem uma identidade pertubada, daquela que tem múltiplas identidades, e não conhece nenhuma.

Uma hora Patrícia é roqueira, e coloca pulseiras pretas com aquele vestidinho vermelho legal. Outra hora ela resolve virar garota do reggae, e mete aqueles montes de fios no braço e uma rasteira. Depois vira minimalista, e não gosta de nada. Só de frequentar os melhores restaurantes da cidade. Outra hora, ela se esquece dela e coloca qualquer blusa do armário, a mais velha, e vai passear por aí…

Toda vez sempre a mesma história: “porque o Paulinho fez isso”, “porque o Julio é um leso”, “não vou pegar o Ricardinho porque não quero”. E eu, João mané, sempre ouvindo, mesmo que contra a minha própria vontade, as mesmas histórias de que todos os homens são da Paty. E eu também sou dela, zé mané.

E os caras até que são bonitos, mas ela fala sempre que eles não servem. Ela é jogadora, isso sim. Talvez eu seja o único que perceba.

Se tem um rapaz sarado na área, chegou na festa, ela é a primeira a se encostar, nem que seja só para conquistar o menino e joga-lo fora depois de segundos. E se ele não quiser ela, é porque ELA que não quis mais. Ô menina que não sabe perder, é jogadora! Ou melhor, talvez seja porque a Patricia sempre teve tudo de mão beijada, assim: carro,comida e roupa lavada.

Ela coloca um scarpim para dizer que Pode (e com P maiúsculo ), mas perde o salto vergonhosamente depois de altas doses de Absolut. Faz até xixi na bolsa da Vitton. E fala mal de fulano, e diz que não curte a sicrana, mas ela não sabe nada sobre eles. E sempre diz que não é para ninguém olhar para os homens dela, porque todos os homens são da Paty. E suas “amigas” fazem cara feia. E eu, sempre leso, ouvindo as histórias vazias dela. Na verdade, as histórias são mais dos outros do que da própria Paty, conheço pouco essa garota.

E essa menina tem um gosto estranho por filmes e histórias de serial killers, fez eu assistir aquele Jogos Mortais 2, um dia desses… E o sonho dela é ser delegada. Até estranhei quando a louca me disse isso. Mas agora ela inventou que quer viajar pelo mundo afora, e eu, não to mais afim de viajar nesse mundo da Paty, “vai embora e some com teus homens daqui, e se um dia voltares, espero que seja com histórias menos vazias que esse texto.”

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Esferas, Salvador Dali.

Por Moara Brasil

Ontem eu lembrei de ti, Lori. Sempre tivestes algo diferente no olhar, era misterioso, totalmente enigmático. Toda vez que ouço alguém falar do Daime, não tem como, lembro do teu rosto. Onde estás, Lori? O que aconteceu contigo, e aqueles sonhos que nós tivemos um dia de mudar o mundo, fazer Ongs, montar um bar de rock, e ter filhos roqueiros para contarmos todas as nossas experiências hippies e revolucionárias da vida? Mas tu mudastes, e eu muito mais ainda.

Percebi que estavas mudando quando não olhastes nos meus olhos aquela vez, para falar que alguém da Índia te visitava diariamente, ao som de bandolins. Eu procurei não compreender o que falavas, estranhei, e deixei passar batido.

Mas de repente desenvolvestes tais imaginações, de maneira tão esquizofrênica, quase uma “piada” entre amigos. E um dia encerrastes o assunto.

Tu, tão pequena, pele limpa e morena, com fisionomia daquelas indianas e olhar de criança, mesmo quando fizestes vinte anos, parecias ter quinze.

Te fechavas para o mundo, quando te trancavas naquele quarto ao som de Pearl Jam e The Doors. E eram esses gostos parecidos que nos faziam ser tão amigas, tão unha e carne, querida Lori.

Fazíamos poesias juntas, as mais simbolistas possíveis, porque gostávamos de “Poe” e coisas de Corvo. Tu riscavas todas as tuas mesas, todas as tuas paredes, e eu escrevia poesia nelas, e nós fazíamos poesias desconexas, e nos realizávamos. Lembra quando criamos a poesia do Desvario na aula chata do professor de Química? Tu foste a amiga mais interessante que eu tive e tão parecida comigo. Apesar de pertenceres ao Fogo e eu à Terra. Mas os elementos uniam-se tão perfeitamente.

Saudade Lori, saudade. De quando não tínhamos nada para fazer, então nos encontrávamos para falar dos planos de cada uma. E ouvíamos Led Zeppelin , com a querida Mary, tão calmas e sem muita pressa para o mundo, naquela sala que só tinha um som Gradiente antigo e um sofá agradável. Tão sonhadoras, descobríamos muitas coisas juntas! Tudo era novidade e perfeito!

Porém, um belo dia, tua alma se perdeu por aí, e nem eu sabia mas quem tu eras. Teu olhar estava perdido, e tu só sorrias com o canto da boca.

Te perdi para a vida, para o álcool cretino e coisas mais. Te perdi para aqueles becos da Pedreira, aqueles amigos estranhos, te perdi para aquele “filhinho de papai” de mente vazia, e com muito dinheiro no bolso para gastar em vadiagem. Maldito rostinho bonito! Grrrrr!

Ah, Lori, te perdi. E os bandolins ressurgiram como nunca, estavas mais esquizofrênica.
Afastei-me de ti, porque tua energia estava carregada. Eu curti contigo, e muita vezes, mas tu te entregavas para os becos e para o poço. E a vida continuava sem pé nem cabeça.

Chorei um dia, de tanta angústia, por não te ter mais comigo, por te ver tão acabada, derrotada, e tão jovem. E tua família procurava ajuda, e eu não te ajudava, eu não sabia como ajudar. Porque não adiantava, eras de fogo, não te enxergavas. E ainda chamavas terríveis palavrões. Realmente interpretastes tão mal quando William Blake disse que “a estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria”. Sua burra! Idiota.

Resolvi me afastar, até saber da última vez em que acabastes no hospital, com glicose na veia. Foste embora, para bem longe daqui, e de lá voltastes com novidades.

É por isso que lembro de ti toda vez que ouço falarem no Daime.
Lembras quando me ligastes com outra voz, dizendo que tinha me visto no jornal? E que sentias muita saudade de mim. Fui te fazer uma visita. E estavas com os cabelos lisos e longos, antes eram tão curtos. Te achei tão linda! De saia comprida e bem magra, mais linda que nunca!

E havias mudado. Falavas de coisas espirituais, que tinhas te encontrado com Deus. Eu me assustei pela segunda vez, havias virado crente?Porra Lori! Mas colocastes uma fita, cheia de cânticos, umas senhoras cantando. Tinhas entrado no Daime, e estavas devota. Eu abaixei a cabeça, fiquei um pouco triste. Por que teu olhar estava iluminado, mas alienado?

E usastes todos os argumentos possíveis para eu entrar contigo nessa tua nova onda, falastes do efeito do chá e coisas e tal, e fizestes eu experimenta batata e strogonoff com soja. Eu não queria saber disso, eu queria era aquela Lori que eu conheci um dia. E não essa Lori que se transformou em um ser que eu desconheço.

Bora ouvir Portishead? Eu sei que gostas, mas tu querias que eu me concentrasse naqueles cânticos. Perguntei da tua vida, conseguistes te formar sem repetir. Estavas atrás de trabalho, e também, já tinhas até um namorado.

Agora eu penso que, apesar de não te conhecer mais, e ter te perdido duas vezes na vida, prefiro que seja desse jeito. Entendo que almas quando se tornam fracas e desorientadas, precisam de algo que as leve para atingir objetivos. E fostes determinada e sábia, que só atingirias algo, se tivesse que ser assim.

Enfim…que saudade de ti!

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Por Moara Brasil

Ser pobre é uma merda mesmo. Andar de bonde pelo Guamá, meio dia, ouvindo tecnobrega no volume mais estridente , depois da faculdade, na “brea” de Belém, de salto alto, com fome, não é para qualquer um mesmo! E nos últimos minutos antes de descer na parada de ônibus, decidir se pára no restaurante que vende fiado ou arriscar almoçar em casa, e de salto alto, é sempre uma grande dúvida quando se tem que trabalhar exatamente duas horas da tarde. Decidi almoçar em casa, pois me falaram que ia rolar peixe na panela. O problema é que não senti cheiro de peixe no caminho da minha casa, e meu estômago junto com meus calos foram ficando mais tristes. É, a Cláudia não havia ainda preparado o peixão, e eu estava atrasada para o trabalho. Então decidi correr para o restaurante que vende fiado. Eu não gosto muito de lá, mas pobre não deve reclamar de muita coisa não. Entrei na sala, de cheiro gorduroso, daqueles que ficam impregnados no cabelo, procurei o povo do agência que eu trabalho, que sempre costuma almoçar por lá, e não vi ninguém. É, meu almoço seria solitário mesmo. E uma mesa vagabunda me esperava no cantinho.

Sentei, abri o livro “Luxo Eterno”, que eu estou estudando para o meu projeto de tese de conclusão de curso, coloquei o fone do meu mp3 nos ouvidos e esperei o garçom vir. Depois de ler quase uns dez minutos de identidade visual de marcas luxuosas das teorias de Lipovetsky, minha barriga roncou e resolvi procurar o tal do garçom.

Ele entrou na sala e disse que já ia me atender. Tudo bem, tudo bem. É bom ler num ambiente com odor de gordura e uma fome de gastrite. Fechei o livro, não consegui ler de jeito nenhum. E a TV me chamou a atenção: “Você já viu algo igual? Pois essa mulher é diferente, você já viu alguém escrever desse jeito?”. Enquanto isso o apresentador gordo mostrava um papel com uns rabiscos ilegíveis, com um fundo musical sensacionalista e o mistério da mulher que escrevia estranho era a grande sensação do programa da Record, naquele dia muito quente. E a mulher que escrevia diferente apenas escrevia de trás para frente. Entende? Na telinha da TV também brilhava uma notícia: Caso Isabella Nardoni, fique sabendo como pode ser fácil descobrir de quem é o sangue nas roupas encontradas.

E a minha barriga roncava, a minha mesa ainda estava cheia de pratos e restos alimentares que outro ser havia deixado por lá. Um trio de amigos trabalhadores chegaram, e sentaram na minha frente.

Olhei no canto do olho para a mulher loira, e ela perguntou para o garçom “O filé daqui é filé mesmo?”. Me irritei, mas não com o que ela havia falado, e sim porque outro garçom apareceu no recinto e não me atendeu. Acenei e chamei o maldito. “Espere um minuto”, ele disse. “ACONTECE que eu estou a meia hora aqui, já pedi para arrumar a minha mesa, todo mundo já está de barriga cheia e a sala está ficando vazia e ainda nem me ATENDERAM!”. “Tudo bem”, ele falou na maior calma do planeta.

Mas eu não sei o porquê, meu filé escroto na chapa não veio, e sim o bife da cavala…ops…bife à cavalo da Loira do canto. Não era o meu dia mesmo, e o primeiro garçom surgiu das trevas para me perguntar adivinha…. “O que eu havia pedido mesmo?”. Claro que me irritei, disse que ia embora, e que não estava acreditando nisso. Mas enfim, tive paciência, e esperei pelo filé de pobre. E pra piorar, quando veio a comida, coloquei molho inglês na carne pensando que era molho shoyu, claro…porque restaurante de pobre pra gente pobre como eu coloca molho inglês em vidrinhos Sakura, só para enganar malditos pobres como eu.

E para finalizar, ainda tive que ficar esperando uns 20 minutos do lado de fora da agência, de salto alto, com calo no pé, jeans, uma comida de pobre no estomago e num corredor calorento, porque ninguém tinha chegado ainda. E quando os colegas chegaram, ainda me disseram que estavam no mesmo restaurante que eu…é… pobre tem dessas coisas, pobre tem que passar por isso. Pobre tem que sofrer mesmo, e não reclama!

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Por Moara Brasil

Ontem, quando sentei nesse sofá, aparecestes bem do meu lado. Com aquela calça jeans velha e feia, uma camisa Hering e aqueles brincos da sua orelha esquerda. Por que sempre és a minha referência para todos? De ti, lembro daquela pipoca de panela, que só você num maldito século XXI sabe fazer tão bem. E eu te amava. Amava esse teu jeito de tratar uma mulher com respeito entre quatro paredes, e escondido de todos os olhares curiosos que nos cercavam. Quando o relógio marcava 11:30, meu coração acelerava de tanta ânsia por encontrá-lo. Era tiro e queda, 11 e meia e eu ouvia o meu “Echo & the bunnymen” tocar no meu celular ericsson, e eu gozava de tanta alegria. Tomava um banho e usava aquele perfume amadeirado só para você sentir que o amor tem cheiro. “Vamos locar uns filmes? Te encontro lá!”. E eu ia toda feliz, como alguém que tivesse ganhado na Loteria, ao seu encontro.

A melhor parte das nossas madrugadas que eu nunca esqueço, era a briga na hora de escolher um filme em que ambos ficassem satisfeitos. Você vinha com aqueles filmes “western” ou de guerra, e eu com aqueles da sessão de dramas… e você falava “Lá vem tu com esses filmes tristes e sem pé nem cabeça”. Mas eu insistia em fazê-lo gostar do meu mundo, e tu também insistias para que eu gostasse do seu. Só que eu disfarçava muito bem ao sorrir para a sua vida.

Sempre me contava que os teus dons para a cozinha,e agora lembrei daquelas batatas-fritas, era porque você tinha sido criado por umas 10 mulheres. E que era impossível não aprender o mundo delas, pois elas eram mais presentes do que qualquer célula do seu corpo. Por isso que você cuidava de mim, às vezes como uma irmã ou até como filha.

Mas eu não queria ser sua irmã, e muito menos filha. Porque eu te desejava. Desejava cada suspiro seu, a tua boca que eu olhava à 30 centímetros de distância. Eu sei que tu me desejavas, mas tu não me querias ainda. E tu lutavas contra os teus instintos. Mas sempre acabávamos na cama. E te viciastes em mim como em teu “Red”. Me ligava todas as horas e todos os dias.

Mas eu era igual a ti, e tu igual a mim. E não merecíamos um ao outro, porque éramos viciado na pior coisa da vida: a boemia. Para os outros, nós tínhamos um caso,ou até mesmo eramos os namorados modernos. Mas nenhum se assumia, e tapávamos nossas bocas. Enquanto isso, tu colecionavas algumas garotas, e eu tentava do outro lado com alguns meninos. E tornarva-se divertido saber das tuas e tu saber dos meus: Qual foi dessa vez?Mas logo esse?

E o contrato era que ninguem se comprometeria com ninguém, era apenas diversão.

Até que um dia tudo virou revolta em mim, tudo passou a ser raiva e uma lágrima atrás da outra. E foi o fim naquela noite, em que eu te dei aquele soco. Porque pra mim, naquele momento, merecias coisas piores, mas eu também não tinha a razão, e não admitia isso. Por que tudo transformou-se em um novelo de linha?

E naquele julho, nós estávamos fracos e acabados. Todos percebiam, todos comentavam. Todos tinham pena. Mais uma vez chorei no chuveiro, e partia as veias de tanta dor. Será que tu choravas?

E só via a tua frieza e pena nesse teu rosto branco. Mas eu insisti no que não dava mais. Decidida, andei pelas ruas do Reduto, numa tarde em que chovia eternamente. E fui até você, contar que não devias ir embora daqui, que eu te queria ao meu lado, chorei miséria, me humilhei como uma capricorniana nunca faria. Não vá embora. E o Echo &The Bunnymen tocou no meu celular (MALDITO ECHO & THE BUNNYMEN), mas não era você , era outro. Esperei as tuas palavras: “Não dá mais, minha querida. Sabe qual o problema? É que eu nunca terei sossego ao teu lado. Eu nunca seria teu homem e nem tu a minha mulher. Tu és livre, e eu não agüento isso”. Não falei mais nada, e disse “obrigada”. Segui desorientada pela chuva rala, e fui embora de ti para sempre, e sem vontade de olhar pra trás. Obrigada, meu amigo. Obrigada.

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(Como o nosso público é bem masculino, resolvi voltar a escrever sobre e para eles: os homens.)

Por Moara Brasil

Quando a mulher entra em greve, o mundo quase desaba. De repente parece que os hormônios afloram pelos ambientes, os homens sabem. E quando percebem que a mulher entrou em greve, sentem o cheiro de greve no ar, e se afastam. É melhor procurar as fáceis. Mulheres difíceis não existem mais, é chato. Só se for a santinha pra namorar, ou as mais quietas que não gostam de uma cervejinha.
É, mas decidir entrar em greve não é fácil não. Greve sexual mesmo, se você ainda não compreendeu, entenda logo! É uma decisão temporária, e dói. Dói pela carência sexual.
De repente a mulher resolve que os antigos “botes” já não lhe servem mais. Quando ela percebe que o fulano só acrescenta um pouco mais de sexo sem alma e sem graça pra vida dela, ela bloqueia. Deleta. E vai contando:

Paulinho diz:

“E ai, sabes qual a boa de hoje?”

Moa diz:

“Sei lá! Eu por acaso sou agenda cultural beibe?”

E mais:

Jorge diz:

“Oi gatinha, quanto tempo! Vamos sair?”
Moa diz:

Tá, bora para uma festa de uma amiga.

Jorge diz:

“Não, mas eu queria só eu e você, então te ligo depois”

“Eu e você?” E o fulaninho te liga cinco horas da madrugada? É puto? Depois quer ficar falando por aí que homem não tem comportamento de “ploc”, que isso é coisa de mulher. Porque na minha santa inteligência, desde a Idade Média, ligar de madrugada, na hora em que eu deveria estar contando meus carneirinhos, é sexo. Então: DELETA.

Fui riscando todos da minha “enooorme” lista. Quando vi, não restavam mais nenhum. Não sobrou um homem interessante com duas cabeças o suficiente para encarar uma mulher, assim como eu. E olha que eu não sou exigente, só quero uns carinhos, um cafuné, uma boa conversa e um sexo insaciável. Apenas.

Então, prefiro me contentar com o prazer de ouvir minhas músicas “autistas”, cuidar dos meus cabelos, conversar com as minhas amigas e escrever sobre vocês. Pra ver se alguém se manca, e comece a se espertar para a vida. Porque homem de verdade, é uma coisa rara. E bote rara nisso pra se achar! Se um instituto fosse fazer uma pesquisa quantitativa e qualitativa, para medir a qualidade perto da quantidade de homens interessantes por aqui, e colocassem nas mídias, com certeza (E COM CERTEZA, por favor, escreva direito), agora estaria acontecendo um fenômeno: uma diáspora de mulheres infelizes da Amazônia para o resto do mundo. É isso. E viva os nossos consolos! E viva os nossos dedinhos. Mas “tá ruim” ein!

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D.A.N.C.E

Por Moara Brasil

Como sempre…sempre tem um video que me mostram para derreter qualquer publicitário. Só que esse não se trata de um video publicitário, e sim um video de Justice. Trata-se de uma dupla de eletro francesa: Xavier de Rosnay e Gaspard Augé. Em junho de 2007 lançaram-se com o album Cross. Ficaram conhecidos pelo hit “Never be Alone”, mas o clipe que deu o que falar foi “D.A.N.C.E”, ficou muito interessante o ritmo da musica, a letra que fala para você dançar seguindo o ritmo, é tão fácil como o ABC, sua forma de mover-se é misteriosa. Enquanto isso as animações vão passando dentro das camisetas de pessoas em movimento. Perfeito. Assistam. Mais videos do Justice no meu vodpod—-> aqui do ladinho, só clicar. =]

fonte: lastfm.com

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Velhos sonhos

Por Moara Brasil

Estou nessa fase que desaprendi. Não sei mais demonstrar aquele meu interesse apressado, e dizer o quanto gosto desse seu jeito de falar. Uma voz assim: charmosa como esse olhar. Deves ganhar meninas inteligentes só num flerte, e quando te envolves numa boa conversa. Ganhas também as meninas bobinhas, que te admiram por esse ser gentleman. De abrir as portas do carro para suas queridas amadas, de falar até “obrigado” quando te destratam. Dessa vagorosidade nos teus movimentos, o tempo é apenas um detalhe.

Te vejo um dia velho, de óculos para as suas leituras interessantes, e apreciando aquele bom vinho importado, que eu não entendo nada. Mas com a dama mais feliz de todas as damas, essa teve sorte.

Não tens a beleza dos modelos de revista, mas tens a beleza por inteira, nada de vazia. Aquela que vem da alma, e embeleza a face, os cabelos, a boca, a voz, o olhar. Beleza com trilha sonora de cinema, dos melhores filmes da sétima arte. Daqueles que sacaneam com as paixões inesperadas: Antes do amanhecer.

Nessa modernidade, acreditar em amores assim é quase uma tarefa árdua e delicada. Solidez não existe mais. E esse meu medo de aproximar-se de ti, é esse medo dessa sociedade em que fui criada. Ela me ensinou a consumir a novidade, numa eterna busca pelo efêmero. Ensinou-me que assim tudo fica mais fácil, e que paixões frustradas podem ser substituidas por outras, num intervalo pequeno do tempo. Que para sobreviver, é preciso procurar sempre os lançamentos, só assim não somos retirados das prateleiras.

Mas essa sociedade moderna é muito cruel, essa rapidez só atropela aqueles sonhos de nossos queridos velhos. Então continuarei acreditando em ti, e ser uma nostálgica de boas épocas. Mesmo que tudo isso não passe de uma mera ilusão, dessa minha cabeça meio doente, mas com pequenas doses de esperança.

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Assim caminha Luiza

Por Moara Brasil

Luiza se entregou ao o que der e vier. Já não cuidava mais do seu cabelo como antes, deixou ficar selvagem, mas ela ainda continuava muito bonita, morena e com uma estrutura física de causar inveja à qualquer mulher e despertar o anseio de qualquer homem, um corpo parecido com o da Juliana Paes, mulher como popularmente denominam de “gostosa”.

Ela colocava um short jeans, uma regata pink e aquelas plataformas de sempre quando resolvia aparecer para o mundo. Gostava de tudo o que a não fizesse refletir muito, por isso sempre curtia aquelas mesmas batidas, que davam para ela energia e movimento. Queria curtir a velocidade desse mundo contemporâneo, e como era bom correr contra o vento. Ela apreciava e provava a vida com todo o gosto. E assim ia consumindo com toda a leveza, como se o mundo estivesse voltando para um tempo em que ela não tinha vivido ainda. Porque ela queria viver mais, e abraçar tudo o que ela julgava inalcançavel para os seus olhos ainda de menina.

Era simples, pura leveza. Puro cigarro malboro na boca e trident no bolso. E quem não a entendesse, mandava um simples “ora vai pra merda e não enche…”. Mastigando sempre aqueles chicletes. Adotou essa personalidade nas relações familiares e assim seguiu numa linha progressiva. Toda aquela personalidade que ela havia construido até chegar aos seus 20 anos já não era mais a que todo o pai deseja de um filho, os primeiros goles de cevada fizeram Luiza não ser mais incubada. E os pais tentavam buscar erros, e sempre justificados. Mas não havia explicação, foi simples, foi assim, de repente como um acidente, imprevisível. Decisão de Luiza.

Mas a menina tornou-se frágil, e não compreendia o porquê de se entregar tão gratuitamente para o mundo. Gostava de viver o momento. E cada dia como o último, como o último dia do calendário da agenda. Mas ela não tinha agenda, quanto mais calendário.

E tudo tornou-se bens de consumo não-duráveis. E sua vida tornou-se um grande ciclo de novidades.
Era melhor cultivar os amigos do momento, e quando se enjoava, descartava-os e considerava-os ultrapassados para o que ela necessitava, a cada hora, a cada minuto. Jogava-os na lixeira, sem direito à reciclagem. Foi Jorge, alto e corpo de atleta. Foi João, magro e inteligente. Foi Luan, cheio de olheiras, meio bipolar e rodeado de entorpecentes.

E como era fácil para Luiza comprar felicidades. Ela comprava e esnobava aqueles míseros reais que depositavam todo todo o mês no seu cartão visa. Porque o mais interessante era comprar ilusões, pílulas anti-depressivas, e grandes doses de felicidades.

Luiza era sonhadora, quando falava dos seus planos para o futuro, seus olhos se enchiam de grandeza e ingenuidade. Mas era só ela deixar o copo quebrar, lá naquela casa em que se hospedava, e voltava para a pista. Voltava com outra plataforma, fechava os olhos, e sempre deixava os cacos de vidro no canto da cozinha. E os cacos cresceram de quantidade, e feriram todas as partes daquele corpo saudável. Ela não sentia mais dor, e o bacana era colecionar cicatrizes.

E os dias corriam mais rápidos, mas de um jeito lento. Todos observavam Luiza, todos falavam Luiza. A sua fisionomia estava intragável. E já não desejavam mais a sua companhia. Seu corpo diminiu grandes quilos, estava doente. Luiza estava anestesiada. E no meio da pista, ela rasgou toda a regata. Gritou para os rapazes, xingou para si mesmo, pegou a mochila e saiu andando por aí sem aquela leveza de sempre, mas pesada e determinada à sair daquele lugar, caminhando para uma direção não mais progressiva…que só Deus sabe para onde.

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Por Moara Brasil

Faz tempo que eu não vejo TV, e ontem, deitada no sofá, acordei com a voz de Mallu Magalhães numa entrevista no “Jô Soares” e confesso que fiquei “bege”. Achei que o folk estava dormindo por alguma calçada velha, ainda mais aqui no Brasil. Mas parece que esse estilo de música ressurgiu na voz de Mallu, e vai agradar a todos que apreciam esse gênero musical, que teve suas origens lá pela década de 60 em território norte-americano. Essa “pirralha” de 15 anos, que mais parece ter 12, pelo jeito muito imaturo e inseguro de falar sobre si mesma e “gaguejando”, tem a voz suave e um estilo de cantar que lembra um pouco “Joan Baez” ( até o lenço que ela coloca em volta do pescoço ) mas claro, com uma voz suave de menina na adolescência. Ela é dessa geração de talentos que aprendem tudo sobre o mundo pela internet, e eu acho uma maravilha, já nem me assusto tanto pelo talento precoce, mas fico feliz pela publicidade que ela está tendo em várias mídias. Gravou algumas vinhetas pela MTV, e entrevistas sobre ela correm por vários sites na internet.
E o melhor: afirmou gostar de Vanguart e Bob Dylan, Elvis, Johnny Cash, Beatles…Bora ver se essa menina resiste com todo esse carisma e talento por aí pelo mundo….

Assistam a entrevista do Jô:

E cantando “Xylophones” no Poploaded do iG:

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Por Moara Brasil

Como estás tão suja e abandonada por aí, querida Lucia Luma. Jogada e embriagada pelos cantos, esquecida por aqueles que você pensa que a amam. Estás sempre usando essa indumentária antiga, velha e rasgada. A mesma imagem, a imagem explícita do seu fracasso.

O que aconteceu contigo? O que aconteceu com aqueles planos?E essa vontade se ser mais, com elegância, escondeu-se em algum buraco pelo asfalto?

Estás passada, e todo mundo pisa em ti. Estás um lixo, e te esqueceram de colocar na porta de casa.
Ei…vestistes a camiseta do lado avesso outra vez, vou ter que repetir?

Estás se afundando numa rotina viciada, são as mesmas músicas…mude de disco, por favor.
E cada dia que você leva, quando te observo, as minhas percepções pioram em relação a essa tua imagem.

Você fede a fracasso, miséria, despudor e álcool, o odor contaminou as minhas narinas. Ah, mude esse disco!

Mas eu não consigo ver uma solução imediata, acho que você vai se perder por aí junto com todos esses embriagados. Eles não sabem nada, só vivem. Perderam a noção de tempo e desse espaço. Estão ficando velhos, cheio de olheiras, cabelos mal tratados, unhas sujas e dentes cariados. Cada vez mais ignorantes de sua condição lamentável. Ah, nem eles querem mais dançar contigo! Pois todos dançam pra si mesmo, sem ouvir a música. Apenas se movimentam e vivem freneticamente, mas estão todos cansados.

Tu estás doente, e não percebes. Não tem mais plano de saúde, nem dinheiro para comprar remédio. Você é fato, você é nóia. Apagaram as luzes e fecharam as portas. Vá embora minha querida, minha triste e amarga cidade.

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Por Moara Brasil

A lembrança mais antiga que tenho de ti, querida velha, é lá do Marex, quando eu cheguei de Santarém com a mamãe e meus dois irmãos.Devia ter uns 6 ou 5 anos, em 1989, faz muito tempo, lembro perfeitamente da mamãe carregando o Nelinho e segurando a mão do Pedro, e eu morrendo de medo de jatinhos. Papai era locutor de rádio, e não teve como voltar com a família para Belém. Lembro que deixei a minha boneca preferida, uma de borracha velha, a Julieta, e pedi por telefone que papai trouxesse de volta pra mim, mas espero até hoje por isso, ele nunca trouxe a Julieta. A boneca velha se perdeu por Alter-do-chão.

Mas o assunto é a senhora, querida velha Elba. Morei tanto tempo ao seu lado, e odiava ter que acordar sete horas da manhã todos os dias para ir a única Igreja do bairro, rezar com um bando de velhos enjoados todo o “Pai Nosso”. E depois, ainda ter que ajudá-la nas coisas da casa, brincar com os primos e dormir cedo, bem cedo. Na minha infância, a senhora foi inevitável, e marcou bastante. É porque eu a achava muito chata e rabugenta. Falava mal de sua personalidade forte e de velha, esse gênio intragável. E de reclamar sempre de algo, e de coisas que meninas naquela minha idade normalmente deixam de fazer, como escovar sempre os dentes ou assistir a programas impróprios pra mim e tomar banho nas horas erradas, segundo a senhora.

Na sua casa, querida avó, lembro de um cheiro de casa antiga e de mato muito forte, o jardim era bem florido, e naquela época, ele parecia enorme, gigante, quase uma floresta, eu e meus irmãos brincávamos naquela jardim e nos realizávamos terrivelmente. Morar no Marex era quase morar no interior, era muito longe do centro de Belém. Mas o mais legal era sentar naquele banco de madeira que ficava no portão da casa, sentar quando o sol estava indo embora e a lua dava boas vindas. E olhar para o asfalto que ficava pink com as flores de jambos e aquelas sementes vermelhas.

Da cozinha, recordo perfeitamente da canja de galinha e de uma sopa de mocotó que a senhora cozinhava muito bem. Talvez seja por isso que eu não resisto a uma canja até hoje. Eu amava. Nossa….também lembro de uma feijoada com ovo frito e carne assada, mais alface e arroz. Hoje, também meus pratos prediletos. Uma delícia.

Quando acordava cedo para ir na padaria comprar pão quentinho, a melhor parte era tomar café contigo sempre reclamando com voz de velha “não fura toda a margarina com a fáaaca menina”, “não coloca tudo isso de chocoláaate”, “ta pensando que nasceu em berço de ouro?”, “não quero ninguéeeeem comendo meu cream cracker ein”. E eu comia o cream cracker, escondido da senhora como vingança, e tu nem percebias, hahá.

O seu quarto era bem misterioso, sempre achei que por ali atrás daqueles armários barrocos escondiam-se espíritos sacanas. E quando olhava para o espelho do banheiro, mais o meu medo aumentava ao adentrar no seu quarto toda vez que tu pedias um maldito analgésico. Cheguei a ver alguns seres de branco por ali.

Eu recordo também daquele quadro imenso, acho que era peruano, de pano, com uns desenhos de cidade, não lembro direito. Cadê ele? Sei que marcou, pois ficava pensando “nossa, como alguém podia desenhar tudo isso com linha de crochê?”. Com medo de fazer qualquer pergunta pra senhora, fiquei na curiosidade e até hoje não sei a origem desse quadro.

Mas, a melhor parte de morar na sua casa era o Natal. Eu amava o Natal, não só pelos presentes, mas pela reunião com todos os primos, todos ainda muito crianças, rezávamos juntos e comíamos a melhor comida feita com amor de cada mãe, filhas da senhora.

Estou lembrando de tudo isso, querida vó, porque apesar da minha ausência na sua vida neste momento em que arrumamos desculpa para qualquer compromisso familiar, quero lembrar o quanto a senhora é importante. E que eu irei na fisioterapia contigo por essas semanas.

E, mesmo com essa sua cabeça de velha e teimosa, que eu tentei mudar e critiquei por muito tempo, quando a primeira frase que a senhora falava ao abrir a porta de sua casa era “tu aqui?Olha, eu não tenho comida ein!”, eu te amo e sinto orgulho de ser sua neta. Uma mulher que teve quantos filhos? Sabe que sempre me perco. É porque sou lesa mesmo. Dez? Para ter tudo isso só podias ser uma fortaleza. Criou-os de acordo com a educação que a senhora herdou de outras gerações, e criou-os na marra, na palmatória, e com uma caixinha cheia de tabus, chatices e dogmas religiosos de velhos. É, eu te amo.

Saiba que eu não admito essa doença quase “cancerígena” a qual se entregas. Essa tosse de velha que virou rotina que nos amedontra. Que não suporto o seu medo da velhice e da morte, e me pergunto, onde ficam os dogmas em que você tanto acreditava e tentou colocar na cabeça de todos nós, seus queridos netos? A velhice chega, a pele se acaba, o sangue definha, mas a mente não. A mente é eterna enquanto dure, queria que percebesses isso. E, desse um belo sorriso para a sua vida e à tudo que a senhora construiu nesses 80 anos. Porra velha, é muita vida! Conta aí. A senhora nasceu em plena Crise de 29 e ainda passou por guerras mundiais!Enfrentou ditaduras e a era digital. Não se entregue antes do tempo, sua família toda te ama e agradece por seres o ponto de união de todos nós. A querida vó do Marex, do natal, do café com pão careca e as rezas do dia-a-dia.

Por favor, volte a ser pelo menos aquela rabugenta que seus netos tanto temiam.

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Por Moara Brasil

Como ficou difícil ser pós-moderno, definir tal palavra é complexo. Nem comunicólogos se entendem. Uns falam em hipermodernidade, outros falam em pós-modernidade. Como ficou tão estranho ser “pós” e não ser mais o tal moderno. Digital. Globalizado. Neotribos, novas modas, novas nóias.

Minha família uma vez estava em crise, descobri isso quando abri a caixa do meu e-mail no yahoo, havia uma discussão sobre as obrigações de casa que a mãe cobrava de nós, filhos. A conversa acabou com uma pergunta do caçula “Por que não estamos conversando pessoalmente? Isso me envergonha.”

Casais brigam conversando em celular, e no mesmo espaço. Errado? Estranho. Pós-moderno. Complexo.

A criança solitária com seus jogos em rede, o vazio da jovem e a apatia social. Suícidio pela internet.

Como ficou difícil para todos nós aceitarmos essa transição, e transição é assim, dificil de compreender, dificil de engolir. Nunca vi uma transição tranquila, transições são complicadas, e geralmente explodem no seu ápice. Depois que a gente entende, depois que tudo fica tão claro. Essa fase que estamos passando, em que não aceitamos o que enxergamos, as gerações futuras irão compreender e darão um nome a essa nossa fase, qual seria? Futuroneidade? Não sei, eu não entendo dessa tal pós-modernidade. Só sei que é “pós” porque ainda não tem um nome, porque não é medieval, porque não é modernidade.

Como ficou difícil achar algo novo, o que ainda não foi criado. Hoje tudo é copiado? Ou apenas inspirado no passado. Se ficou melhor ser nostálgico? Se ficou melhor amar o passado? O que é mais gostoso? Somos o que somos pelas nossas referências, somos transformados pelo tudo já criado, hoje tudo recriado.

Deus está morto? Alegria geral? I-pod e tudo pode. Desfonfiança total! E mais o aquecimento global!

Calma.Não se desespere, não se tranque no quarto! Não invente depressões! Não fique preso na telinha, não se isole da sociedade! Não tenha medo, relaxa…é apenas a conteporaneidade.

Inspirada na aula da professora de Teorias da Comunicação.

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Felinos

Por Moa

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Neste exato momento meu querido Frajola deve está na faca. Foi ontem, de madrugada, em que ele vomitou e caiu no próprio vômito sem mais nem menos, sem aviso prévio, sem dar um sequer miado. Foi levado para a veterinária, e lá eu soube que ele poderia estar com uma massa no rim que obstruia a passagem da urina para a uretra.

No exame de ultra-som, o Frajola não movia-se. Totalmente estático, apenas levantava seus olhos e dava miados tímidos. Eu sentia a sua dor só de olhar para aqueles olhos castanhos felinos. Doeu meu coração de uma forma meio estranha, meio fria, meio triste, meio angustiante. Segurei nas patinhas dele como resposta ao seus miados. Frajola é uma mistura de siames com persa, nasceu impuro, e herdou malditas impurezas. Essa doença é normal em felinos, ainda mais quando trata-se de um felino macho vira-lata.

Fico pensando o quando deve ser terrível ser um gato, ou um cachorro, ou qualquer espécie que não seja ser humano, ainda mais quando eles dependem tanto da gente. O Frajola poderia não estar passando por essa cirurgia se ele pudesse falar, pois a massa já se formou a dias, mas, infelizmente, apenas agora ele reagiu com sintomas. Apesar de que, ele conversa muito com a minha família. É isso mesmo, quando alguém chega da rua, lá vem o Frajola correndo como um cão e miando como se falasse “oi que bom que você chegou”. Ou, quando a fome bate, ele se esfrega em nossas pernas, miando irritadamente. E se deseja apenas um cafuné, mia olhando pra gente e estendendo a cabeça, um miado meio dengoso, bastante carente.

Como é pequeno um rim de um gato, como delicada deve ser essa cirurgia. Quanto talento alguém que entenda disso deve ter no manuseio de pequenos aparelhos. O veterinário disse que vai ter que raspar a massa lá por dentro, e se não der certo, talvez castre o pobre do gatinho.

Eu já perdi um cãozinho uma vez, e foi tão rápido. O Luan adoeceu, foi pra clínica e de manhã faleceu. Fiquei revoltada, não acreditava, achei que aquela clínica havia matado-o. Chorei dias, fiquei em depressão, era apenas uma garotinha de 8 anos que amava aquele pequeno filhote de “Rasque Siberiano”.

Não sei o que poderá acontecer, não sei o final dessa história, apenas sei que a minha outra gata, a Garfilda, está calada e triste, ela me olha esperando uma explicação minha pelo Frajola não está ali ao lado dela, e eu não sei o que falar. Ainda mais que é de sua prole e grande companheiro de sua vida, a gatinha sente saudades. Sentiu do Mac quando ele foi embora, e agora pergunta “Cadê meu Frajola?”. Mas acho que não preciso dizer nada, pois só pelo silêncio ela já deve ter entendido toda a história.

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Por Moara Brasil

(Lucia Luma)
Olhei para os quatro cantos daquelas paredes imundas, e senti enjôo.
Senti enjôo do cheiro doce de motel barato, dos rapazes que abriram a cortina e receberam a tua esmola ridícula no fim daquela madrugada. Ah que nojo! Do teu fisico magro e branco, esquálido, do teu rosto de safado e desse desejo teu desesperado pelo meu corpo nu deitada nessa cama suja, cheia de passado, cheia de sexo descompromissado. Ai, cansada! O que estou fazendo neste quarto mal amado? Sem nada, sem decoração, sem graça. Sem aquelas cores vermelhas bregas, parece até aquele hospital público da esquina. Esse motel perdido em qualquer bairro, número 67 sem placa e sobrenome. Sem aquela trilha sonora básica, sem tv de plasma e frigobar a la vontè.
Esqueça! Não me ligue nas terças-feiras, não sou mais a tua meretriz, apague o meu telefone, desista de mim. Você não tem culpa de nada.

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