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Archive for the ‘Alice’ Category

25 de dezembro

“You should be stronger than me” toca agora e eu só posso me sentir tão deprimida quanto a Amy ou achar que no fundo eu sei o que ela sentiu. A gente tem esse lance de se identificar com as celebridades quando elas estão no lixo ou quando são o próprio lixo, como eu agora.
É noite de natal, são 2:46 h da manhã e metade da população da cidade está dentro de algum antro tentando perverter-se mais um pouco nesse ano e eu não. Eu preferi um tarja preta, filme água com açúcar e esperança. Esperei dar 2:30 h para poder te abraçar e sentir o teu perfume forte e respirar fundo, aspirá-lo todo para dentro em cinco segundos e guardá-lo, para poder sentar nessa cadeira e escrever o que nunca vais ler porque nada do que quero dizer-te interessa. Nem a mim, nem a ti. A gente já não se interessa mais. É por isso que te desejo um feliz natal assim, meio como se dissesse “olha, vai chover”. É para dar um ar casualidade a dor. Fica tão blasé.
Uma coisa ninguém pode negar. Você finge que não me odeia direitinho e eu finjo que não te amo a ponto de quase me convencer.
Até o nosso próximo fim, no próximo natal.
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Madame

Por Alice

Sabe, garoto, você é bonitinho. Eu sei. E nem é porque usas essas roupinhas apertadinhas, mostrando os músculos, os bíceps, os tríceps e zero neurônios. Você só é bonitinho porque é jovem. Ser jovem é ser bonito. Sempre foi assim e sempre será. As propagandas da TV, dos outdoors, são feitas para vocês. Mas pouco importa, não mesmo. Você só vai saber um pouco sobre isso quando o sal da vida te corroer e te deixar tão enferrujado quanto eu. Daí você vai sair por aí pagando meninas – que nem eu pago a você – para te ouvirem, te beijarem, te chuparem e sorrirem para você; ainda que saibas que é um sorriso asqueroso recheado de pena.
… porque foi duro ser. Foi difícil acordar, levantar, respirar e repetir “bom dia” todo dia. Foi foda ser mulher o tempo todo e gerar uma vida durante meses e ter que amar uma coisa que crescia em mim, me deformando, me esticando, possuindo meu corpo. Eu sei que toda mulher sonha com isso durante a vida. Também sonhei e esperei e tive aquele corpo estranho querendo transpor-se ao meu ventre dolorosamente para depois estar em meus braços misturados com meu sangue e o deles. Porra, garoto, é um amor muito fodido, sabe? Não se compara com nada na vida. Nem com uma boa foda, uma dose de uísque com coca, uma dose de heroína ou uma injeção de adrenalina pra ressuscitar da overdose. Mas bom mesmo é ser mãe jovem, porque depois que você fica velha, você se torna um fardo. E olha que nem tô tão velha assim. Ainda dou um caldo, ainda tenho a minha pensão que me possibilita te pagar por uma boa foda e uma dose de uísque com coca. O prazer que me resta é o carnal, é gozar, gozar, gozar.
Ah, fora que depois ainda tem a vergonha. É, garoto, Você pensa que é só filho que expurga mãe de perto? Não, neném. A sua própria mãe… duvido muito que ela continuaria acariciando esse rostinho bonito, com pele de bumbum de bebê, se soubesse que você enfia sua cara na minha boceta, na xoxota de uma velha.
Por isso que eu digo que não é fácil ser mulher, não, senhor. E eu vejo por aí, nessas esquinas sujas e soturnas da vida, essas bichinhas de silicone no peito, querendo ser fêmeas a todo e qualquer custo. Eu fico me perguntando “pra que, porra?”. Por quê? Se vestir de mulher não vai fazer você ter uma racha no meio das pernas e sim um vazio psicossocial na cabeça. Vai fazer o pobre homossexual virar um freak que vai ser freak em qualquer situação: fila de supermercado, banco, cinema, dermatologista. Puta merda. Eu quis durante muitas vezes ser homem para revidar os tapas que tomei ou para poder bater naquele garoto de programa que roubou todo meu dinheiro. Filho duma puta aquele moleque, olha…
Você não é desse tipo, é, amor? Olha, presta atenção. Não me engana. Eu só quero foder, gozar, tomar um banho e voltar pra minha casa. Eu não tenho grandes bens e nem ninguém que se importe comigo caso você me seqüestre e peça resgate. Eu só tenho essa vida mesmo porque Deus é camarada ou porque ele me castiga ao não me fazer morrer. Talvez seja porque eu já tentei fazer por mim mesma e não deu certo. Tem alguma coisa nessa minha existência que eu não sei o que é, que insiste em existir, essa alma existe ainda em habitar meu corpo e não tem adiantado muito detoná-lo, estragá-lo, depredá-lo. Ainda respiro. Escarro uma secreção sangrenta cada vez que tusso. Mas ainda não me impediu de respirar.
Portanto, querido, não me mate, não me roube e não me violente. Porque eu provavelmente vou gostar e se não gostar, não vai me assustar. Mas eu vou adorar te puxar para baixo comigo, vou te buscar no inferno só pelo prazer de te ver igual um bichinho assustado que roubou a madame carente. Estamos em entendido? Bom! Então pede a conta aí porque a noite ainda é uma criança e que quero mais é abusar dela! hahahahaha
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Das pontas

Por Alice

“E se eu cortar o cabelo, talvez seja a solução do conflito
– cortar o cabelo é muito bom, pq a tristeza fica nas pontas”

Não sei de quem é a frase ou se é trecho de letra de alguma música de banda de rock alternativo que tem nome sem nexo, tipo “sapatos bicolores” ou “chove e não molha”. Não sei e nem quero saber. Mas vou tentar tirar das pontas dos cabelos a metade da tristeza que não estou sabendo exprimir. Vou passar um dia inteiro num salão folheando revistas que falam coisas fúteis sobre a vidas das celebridades somente para que a minha pareça um pouco mais ridícula e sem glamour.

Vou fazer planos no salão de beleza, mas não planos de verdade e mais coisas do tipo “farei 10 zilhões de hidratações de chocolate-açúcar-morango”. Vou tentar tirar a palidez da cara e as pontas “mortas” (como o cabelereiro fresco fala) para que a minha cara pareça só um poquinho mais viva que a  minha alma.

A dieta eu vou planejar para segunda-feira (sempre a próxima), a malhação ficará (sempre) para o mês que vem. Daí me organizarei para ler todos os livros que quero e ver todos os filmes da locadora que eu puder e isso eu farei, tenho certeza.

Vou polir o visual e o intelecto para que assim que as pontas se forem, nas primeiras tesouradas, eu sinta um poquinho de passado indo embora de mim e que as pessoas me olhem não como um ET que acho que sou e sim com um super-mega “puxa, como você está diferente”.

Eles não verão as mudanças que se passaram aqui dentro do meu peito, mas é… eu mudei tanto: de cabelo, de roupas, de amigos, de endereço, de cidade e foram tantas mudanças que fica até difícil reconectar. Entre idas e vindas de duas realidades disttintas mas tão interligadas entre si, eu me pergunto  se realmente estive nesses lugares … ou flutuei … terei eu passado em branco? Eu passei, fui e vim. Fui e voltei.

Agora é mais um recomeço. Cheguei com um mala apenas. Vou-me embora com uma mala e mais oito caixas. Cheguei com tantas dores mais e tão poucas viagens de barco. Vou-me embora um pouco curada e um pouco ferida dos cacos que sobraram de grandes brigas internas. Vou-me embora com muito mais fotografias na mente, imagens de vagalumes, “gringas’ sunday morning”, a chuva de folhas amarelas na ventania e a temporada da queda das flores amarelas do ipê em setembro. Sempre setembro. 

Eu vou recomeçar de novo, só que agora muito mais slow motion. Começando tudo com a paicência e a sapiência necessária para que assim perdure. Vou começar pelas pontas soltas que deixei.

Viver ainda é amar (ou não é?) e se o “love is a loosing game”, bem vou-me perdendo por aí. Amando mais a qualquer coisa que me traga a felicidade simples que ganhei aqui. “Um dia eu volto quem sabe…”

PS: Não tente fazer disso aqui uma forma de me conhecer. Eu te desconheço tanto quanto você não me conhece. Let it be, ok?

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Por Alice

Sabe que eu consegui olhar a gente de fora, como se fosse de um outro prisma, por cima, dos lados? Sei lá. Eu olhei de um outro jeito e éramos nós, rindo e falando qualquer coisa, ora sem importância e ora marcante.

O carro parado à beira do rio, a lua estranha refletindo na água e eu adorei tudo aquilo – o cheiro de cigarro,a tua risada larga, o teu sorriso malicioso e cínico e foi ao te ver que agradeci todas as coisas profanas do mundo.

Graças a Deus, sarei. Curei minha alma dos amores expressos. Não te queria mais do que aquilo: um chiclete, uma conversa, uma transa, umas piadas, um cigarro, um tchau, um beijo e até logo (ou não).

Hoje estou assim leve porque sou humana (óbvio!), porque preciso de terapia, de remédios, de emendas em feridas antigas e nada disso você vai me dar. Não quero nada de ti, não espero nada além das famigeradas mentiras sinceras.

Não quero mais do que a tua pegada, a tua mão marcada na minha pele e o teu jeito de dizer que eu mando e desmando; que faço tudo que eu quiser, que posso, que quero, que ordeno e tu que tu adoras isso. Afinal, devo ser assim mesmo: exagerada, falastrona e gargalhar alto.

Te re-conheci. Conheci-te de novo só para dizer que toda mulher devia te ter na vida, por seres um louco doce, um doce cafajeste. Eu curto cada momento contigo porque não espero mais do que você pode me dar e bem sabes que eu, nada tenho a te oferecer senão o que eu sou… ou como aquela frase: sou tudo que dizem por aí e mais um pouco. É só isso que sou. É apenas isso que tenho.

Tenho meus textos, meus livros, minhas fotos. Há também minhas histórias de amores perdidos que escorreram em ralos sujos e ainda vitórias, muitas delas, que não soube decifrar senão depois que já nem eram consideradas minhas.

Mas, amor, você nunca fará parte das minhas coisas. Seu lugar é lá longe, no meu imaginário, juntamente com as fantasias mais sórdidas e sujas. É por isso que falo ao pé do teu ouvido: chega mais perto, chega!

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