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Posts Tagged ‘Cusak’

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo, disse Arnaldo Jabor. Será mesmo? Ao ler por o texto “Namorado: ter ou não ter”, de onde retirei esse trecho, tudo parece muito lindo. Palavras como quindim, nuvem, música passeiam com displicência e fazem os solteiros pensarem em que merda é a vida sem ninguém.

Como faço parte da categoria dos solteiros não-amargurados, me senti impelida a protestar tal afirmação. Creio no seguinte: quem tem namorado, não consegue tirar férias. Nem dele, nem para si mesmo.

Quem tem namorado não viaja sem seu bem ou, se viaja não se sente completo. O amor tem dessas coisas. Quem namora perde o encanto de ir ao cinema sozinho, naquela última sessão de segunda-feira (a melhor do mundo para quem odeia falatório durante o filme). Um casal são duas pessoas, logo tudo que você faz enquanto membro dessa dupla há de ser calculado por dois.

Ora, porra. É bom pensar em si, é muito bom ter metas e calculá-las de acordo com sua vontade, com os seus planos. Solidão? Sim, ela existe e reafirma-se sempre. Mas também serve para auto-conhecimento.

É na solidão que a gente se conhece de verdade, porque namorar faz com que a gente desaprenda um pouco a olhar para dentro, já que olhar para o outro dá aquele friozinho gostoso na barriga; ao contrário de olhar para si que algumas vezes dá angústia.

Eu tive namoros longos desde nova, por volta dos 13/14 anos. Um ano, Um ano e alguns meses, três anos. Foram eles que me ensinaram a namorar, que me deram belos exemplos de confiança, carinho, respeito e amizade. Aprendi muito ao compartilhar a minha vida com eles e creio que a recíproca seja verdadeira.

Alguns me deram umas desilusões, outros deram pedacinhos de si que me marcaram e marcam até hoje, como poesias, cartas, flores, passeios. Deles eu também suguei os gostos, as gírias, os trejeitos. Aprendi a gostar de rock com meu primeiro namorado. Que sorte que ele existiu na minha vida, hein?

Ainda assim, me identifico melhor comigo mesma sendo solteira hoje, porque eu já tenho que pensar por dois e planejar por dois. Porém, é uma relação que eu tenho certeza absoluta que é para vida toda: eu e meu filho.

Acho que de tanto me adaptar a solidão, de tanto curti-la, de tanto apreciar o livre ir e vir, desaprendi a namorar. É, isso mesmo. Quando falo isso para as pessoas, ouço sempre uma risadinha de deboche. Por que é tão difícil entender isso? Sim, eu desaprendi, desacostumei… enfim, não sei qual o verbo que devo utilizar, mas é assim mesmo. Eu não sei mais.

Pelo menos, não consegui até agora passar daquela fase do início da relação, aquela que a gente tenta “ser melhor”, que quer estar sempre linda, sempre de bom humor, sempre disposta. É exatamente por isso digo que desaprendi a namorar, a repartir vida e viver o tempo todo.

Eu ainda prefiro que a pessoa saiba desde o início que eu acordo de mau humor e que ainda fico mais intragável se estou com sono. Quero alguém que me leia sem que eu precise explicar muito e se ainda assim for necessário, que me ouça com atenção porque eu odeio repetir. Que seja sociável na medida certa e que principalmente saiba calar. Bem, como ainda não apareceu ninguém assim, continuarei a curtir a minha inesgotável solteirice.

Não sei mais fazer “joguinhos”, fazer “tipinho” para agradar. Não consigo me controlar e fingir que não estou a fim de beijar ou ficar junto se é essa a minha vontade. Não quero reprimir meus desejos para fazer tipo de quem não está nem aí. Se for para ser que seja inteiro, que seja por completo. Senão, prefiro a solidão mesmo. Ela já me é conhecida e bem confortável.

A declaração de amor mais bonita que já vi foi do personagem do John Cusak para sua amada, no filme Alta Fidelidade. Não vou lembrar direitinho o diálogo, mas trata-se dele explicando para namorada, antes de pedi-la em casamento, que ele se sente atraído por uma jornalista que é  sua fã  desde que ele era Dj. Ele assume a vontade de levá-la para cama por conta de um desejo quase incontrolável, algo bem carnal.cusack

Ao mesmo tempo em que se sente assim, ele pensa na namorada. Pensa nela com maturidade regada a eternidade. Imagina ambos lendo jornal num domingo, lembra das calcinhas comuns que ela usa , enquanto ele sabe da existência das lingeries melhores. E é então que ele vê que isso sim é amor.É aí que ele vê a diferença entre o desejo carnal e o amor. O amor é realidade, é dia-a-dia e não, nem sempre é belo como  lingeries rendadas que são usadas somente para fisgar. Porque o desejo carnal passa, mas confiança, carinho, companheirismo, amor de verdade, não.

Não quero ter que me camuflar, nem quero alguém que não seja o que é por inteiro. O sentimento que mais me apetece é sinceridade. No amor, na cama e nos olhos de quem eu quero. E se assim for do desejo dele, que me aceite com sinceridade também e que tenha muita paixão pela vida.

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